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Câncer do fígado: Facilidades do diagnóstico molecular no transplante.

As principais causas do câncer de fígado

O fígado é capaz de regenerar-se quando agredido. Essas agressões prolongadas causadas pela hepatite viral crônica, consumo excessivo de álcool ou qualquer outra patologia que atinja o fígado, provocam a substituição do tecido hepático normal por nódulos e tecido fibroso. Nada mais é que o processo de cicatrização do órgão. Essa “transformação” de tecido saudável pela fibrose (cicatriz) é conhecida como cirrose. E 75% dos pacientes que desenvolvem câncer de fígado têm cirrose há alguns anos.

Diversas são as causas do câncer de fígado. Mas as estatísticas assustam, e poucos sabem, 78% dos casos a principal causa é o vírus da hepatite B e hepatite C, segundo dados da Sociedade Brasileira de Hepatologia.

O que é o fígado e sua funcionalidade

O fígado é a maior glândula e o segundo maior órgão do corpo humano. Todas as substâncias que ingerimos passam pelo fígado para serem “inspecionadas” antes de serem encaminhadas ao restante do organismo. Se forem consideradas indesejadas, são transformadas e descartadas na bile ou levadas pelo sangue para serem filtradas pelos rins e expelidas na urina.

Mais especificamente, podemos citar ainda, que o fígado desempenhada o armazenamento e liberação de glicose, metabolismo dos lipídeos, conversão de amônia em ureia, síntese da maioria das proteínas do plasma, processamento de medicamentos, hormônios e álcool que ingerimos, destruição das células sanguíneas desgastadas e bactérias e por fim, emulsificação da gordura durante o processo de digestão através da secreção da bile.

Câncer de fígado em números

8.772 casos no Brasil, sendo 57% em homens e 43% em mulheres.
75% dos pacientes que desenvolvem câncer de fígado têm cirrose há alguns anos.
Total de transplantes de fígado realizados até julho em 2017: 1011.
Existem hoje 1203 pessoas na fila de espera por um novo fígado.
O hepatocarcinoma é o tipo mais comum, cerca de 80% dos casos, e o mais agressivo.
O hepatoblastoma (câncer hepático infantil) tem 100% de taxa de sobrevivência.
No mundo: o câncer de fígado é o segundo maior responsável por mortes, com 788 mil casos.

As categorias do câncer de fígado

Dividido em duas categorias, o câncer de fígado pode ser primário (formado nos tecidos do fígado). Os tipos mais comuns são carcinoma hepatocelular ou hepatocarcinoma, é o mais agressivo e o mais comum, cerca de 80% dos casos. O colangiocarcinoma (cânceres de vias biliares), o angiossarcoma (forma-se nos vasos sanguíneos do órgão) e o hepatoblastoma, câncer hepático infantil.

A segunda categoria é denominada câncer secundário. Também conhecido como metastático porque ele é originado em outro órgão, passando posteriormente para o fígado. As metástases para o fígado podem ocorrer em até 35% dos casos de outros tumores. Os tipos mais frequentes são: câncer de pâncreas, o colorretal, o de estômago, o de mama, o de esôfago e o de pulmão.

 

Os tipos de câncer e suas características

O câncer de fígado geralmente começa como nódulos no interior do órgão. Nas fases iniciais, o crescimento costuma ser lento e assintomático, por isso quando o diagnóstico é feito, a doença já se encontra em estágio avançado, comprometendo áreas extensas.

O hepatocarcinoma (ou carcinoma hepatocelular – CHC) surge quando há uma mutação nos genes de uma célula que a faz se multiplicar desordenadamente. É caracteristicamente agressivo – dobra o seu volume numa velocidade muito rápida, a cada 180 dias em média. Altamente maligno tem altíssimo índice de óbito por se desenvolver num órgão já doente, limitando as possibilidades terapêuticas. É considerado o sexto câncer em incidência e o terceiro em mortalidade.

Colangiocarcinomas ou cânceres de vias biliares são raros, correspondem apenas a 3% de todos os tumores do trato gastrointestinal. Apresentam alta mortalidade porque na maioria das vezes também são diagnosticados em estágio avançado. Geralmente se tornam sintomáticos quando obstruem a drenagem das vias biliares. São classificados de acordo com a sua localização: câncer de ductos extra (fora do fígado) e intra-hepáticos (dentro do fígado), de vesícula biliar e ampola de Vater.

Angiossarcoma hepático é um tipo de câncer raro que se originaliza nos vasos sanguíneos do fígado prejudicando a filtragem de todas as substâncias presentes em nossa corrente sanguínea. O diagnóstico é difícil devido porque as doenças hepáticas tendem a apresentar sintomas muito semelhantes. Também é diagnosticado já em estágio avançado.

O hepatoblastoma é a forma mais comum de câncer de fígado em crianças, embora seja um tumor pediátrico comparativamente incomum. A doença geralmente afeta crianças menores de 3 anos. Muito raramente é diagnosticado na adolescência e é extremamente raro em adultos. Geralmente é diagnosticada como uma massa abdominal assintomática. A retirada completa do tumor associada de quimioterapia resulta em um prognóstico com taxas de sobrevivência de 100%.

Tratamento

O tratamento mais indicado para tumores hepáticos é a cirurgia. Podendo ser a retirada parcial do órgão acompanhada de quimioterapia ou radioterapia para eliminar as células cancerígenas restantes. Ou o transplante em casos mais graves da doença ou quando os pacientes são cirróticos, pois a porção que restaria após o procedimento não seria suficiente para atender às necessidades do organismo. Lembrando que no caso do fígado, o doador pode ser vivo, como um membro da família que apresente compatibilidade com o paciente.

Transplante

Graças ao aumento da sensibilização das famílias brasileiras, o número de doadores no Brasil cresce a cada dia. Consequentemente, com ele, o índice de transplantados. No primeiro semestre de 2017 a taxa de doadores efetivos aumentou 11,8% ultrapassando 14,6 doadores por milhão de população (pmp) totalizando 13.282 transplantes realizados. Mas infelizmente, para quem espera por um transplante, esse número ainda é pequeno. Hoje a lista do Brasil tem 33.062 pessoas que lutam pela vida e necessitam de um novo órgão.

total de transplantes de fígado em 2017

Apesar da aceitação familiar brasileira ao transplante ser de 56% (dados do primeiro semestre), ainda é um assunto delicado por falta de esclarecimentos sobre o assunto e mitos. A conscientização começa em casa, avise seus familiares o seu interesse em ser um doador de órgãos.

Diagnóstico molecular no pré e pós-transplante

Pacientes transplantados fazem o uso de medicamentos imunossupressores que debilitam o sistema imunológico. Por isso necessitam de um acompanhamento médico adequado e rigoroso para de evitar complicações por infecções oportunistas causadas por vírus dormentes existentes em nosso corpo.

Por isso é de fundamental importância o monitoramento preventivo desses vírus por técnicas do diagnóstico molecular antes e após o transplante.

A precisão e a alta sensibilidade do teste permitem a detecção dos vírus em amostras onde geralmente não são percebidos, aumentando as chances de um diagnóstico preciso.

Com o diagnóstico molecular também é capaz detectar genes relacionados ao próprio câncer, como é caso da leucemia. Devido à alta sensibilidade e especificidade da técnica aplicada nesses testes, é possível definir a percentagem de células cancerígenas presentes no organismo afetado durante as diferentes fases do tratamento.

Recomendações

Tenha sempre em mente que a principal arma contra o câncer de fígado é a prevenção e sua detecção precoce.

  • Evite o uso frequente e abusivo de álcool
  • Tome as três doses da vacina contra a hepatite B
  • Use preservativo em todas as relações sexuais, hepatite é uma IST
  • Não compartilhe o uso de seringas como forma de evitar o contato com os vírus das hepatites B e C
  • Não se automedique. Até remédios comuns como certos analgésicos, tomados em excesso podem ocasionar danos irreversíveis ao fígado

Bibliografia:

Câncer de Fígado, INCA

Sinais e Sintomas do Câncer de Fígado, Instituto Oncoguia

Câncer do Fígado – Aspectos Gerais, Hepcentro

Registro Brasileiro de Transplantes Estatística de Transplantes, ABTO 

Câncer de fígado: causas, sintomas, diagnóstico, tratamento, evolução e prevenção, ABCMED

Câncer de vias Biliares, BP Vital

Pediatric Hepatoblastoma, Medscape

Revista Médica da UFPR – Carcinoma Hepatocelular – Uma Revisão Bibliográfica – Bruno Leal Vianna¹, João Felipe Galbiatti Muncinelli¹, Rafael Eduardo Garcia¹, Flávio Daniel, Saavedra Tomasich¹