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Histocompatibilidade, você sabe o que é e para que serve?

O Complexo Principal de Histocompatibilidade

A histocompatibilidade é a compatibilidade ou equivalência entre células, tecidos e órgãos. Para sabermos um pouco melhor de histocompatibilidade é preciso entender porque existem essas diferenças de genes entre os seres humanos.

Esse grupo de genes é chamado de Complexo Principal de Histocompatibilidade (MHC – Major Histocompatibility Complex). Este grupo de genes é comum a todos os vertebrados e tem um papel importante no sistema imunológico e na determinação da identidade biológica de cada um.

O MHC codifica um grupo de antígenos ou proteínas encontrado na superfície das células. Este complexo identifica e impede que um corpo estranho entre ou se espalhe no organismo. Isso geralmente acontece em coordenação com o sistema imunológico que desencadeia uma resposta imediata contra esses corpos estranhos.

Nos seres humanos, este complexo recebe o nome de Antígenos Leucocitários Humanos (HLA – Human Lukocyte Antigen).

Entendendo o HLA

O sistema imunológico tem a função de identificar e reagir a organismos estranhos. Este processo é baseado na identificação dos antígenos, a “marca biológica” de cada célula. Quando o organismo reconhece um antígeno estranho, desencadeia uma resposta com o objetivo de destruí-lo. Este corpo estranho detectado pode ser tanto uma bactéria ou vírus, como um tecido, órgão ou medula transplantados. Assim, o HLA é o responsável pela histocompatibilidade.

É importante saber que o HLA é herdado, uma parte da mãe a outra do pai. A identidade HLA é composta por vários genes agrupados na mesma região no cromossomo 6. Cada gene possui uma diversidade muito grande de alelos. Sabe-se que mais de 11 mil alelos já foram identificados em todo o mundo. Por isso, é muito raro que dois indivíduos tenham o mesmo grupo de genes.

A grande complexidade dos transplantes é encontrar esta compatibilidade entre doador e receptor. E ainda sim, mesmo com o uso dos medicamentos imunossupressores, que ajudam a adequar o sistema imunológico contra o ataque a esse corpo estranho, a rejeição do órgão pode acontecer.

A história do HLA – Dr. Paul I. Terasaki, PhD

O Dr. Terasaki é considerado o “pai” do HLA. Graças a ele que em 1970 o exame de compatibilidade entre doador e receptor tornou-se padrão internacional para a realização de transplantes.
De origem japonesa, sua infância foi sofrida. Por causa de uma ordem do presidente Roosevelt ele foi obrigado a viver, com sua família, durante os anos da II Guerra Mundial num campo fechado de trabalho. Determinado a vencer, ingressou na universidade de Zoologia na Califórnia. Tornando-se PhD em Zoologia em 1956.

No mesmo ano, ingressou sua carreira no ramo do transplante. Mas foi em 1964 que seu nome ficou mundialmente conhecido. Terasaki desenvolveu o teste de microcitotoxicidade. Um teste de tipagem de tecido entre doadores e receptores de transplante de órgãos que identificava a compatibilidade entre os antígenos de leucócitos humanos (HLA). Em 1970, esse teste tornou-se padrão internacional para a realização de transplantes.

A partir desse ponto, ele se concentrou no estudo da teoria humoral da rejeição do transplante. O Dr. Terasaki faleceu em janeiro de 2016, mas ele e sua corporação, a One Lambda, desempenham até hoje um papel central no estudo e desenvolvimento de novas tecnologias para o transplante de órgãos e tecidos.

Cross Match – a prova cruzada e a Tipagem HLA

A busca pelo doador com melhor compatibilidade é um trabalho minucioso. Uma série de exames são necessários para conseguir o melhor resultado. Existem vários graus de compatibilidade tecidual e quanto maior essa compatibilidade, menor será o índice de rejeição.

A prova cruzada (Cross Match) é o exame realizado para detectar a presença de anticorpos pré-formados específicos contra antígenos do doador. Pode-se dizer que é uma simulação do transplante in vitro. A prova cruzada positiva determina alto risco de rejeição hiperaguda após o transplante.

Pela vasta pluralidade dos genes, outro exame é necessário para definir a tipagem do HLA. Existem os genes da classe I: HLA-A, B e C. E os genes da classe II: HLA-DR, DQ e DP. E em cada um desses grupos existem muitos alelos específicos e diferentes.

O desenvolvimento da metodologia molecular, que possui altíssima precisão, possibilitou a identificação dos alelos e, consequentemente, desvendou incompatibilidades não reveladas pelos métodos sorológicos tradicionais. A técnica por PCR (Polymerase Chain Reaction) explora a capacidade de duplicação in vitro do DNA. Por meio de reações, o DNA do receptor é multiplicado milhares e então é hibridizado com diferentes sondas de oligonucleotídeos (PCR-SSO) e o resultado desta reação é comparado com o padrão de reação das amostras dos doadores. A grande vantagem deste método é a rapidez, sem perder a precisão nos resultados.

O Caminho do Transplante

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