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Atividade física combate hipertensão e aumenta a capacidade cardiorrespiratória em transplantados cardíacos

Um estudo conduzido na Universidade Estadual Paulista (Unesp) e na Universidade de São Paulo (USP) apoiado pela FAPESP e publicado no European Journal of Preventive Cardiology, mostrou que a atividade física não apenas reduz a pressão arterial como aumenta a capacidade cardiorrespiratória em transplantados cardíacos.

Outros estudos já demonstram que a prática de atividade física beneficia pessoas transplantadas com hipertensão arterial. No entanto, o estudo traz novas evidências para a importância da reinervação cardíaca após o transplante, o que pode inspirar novas pesquisas com o objetivo de entender melhor esse processo e melhorá-lo.

Infelizmente, não existem ainda intervenções, sejam farmacológicas ou cirúrgicas, que possam aumentar a reinervação após o transplante. “Durante a cirurgia, os nervos que fazem o controle dos batimentos cardíacos são cortados para a retirada do coração doente. Há indivíduos que apresentam boa reinervação do órgão transplantado após a cirurgia, principalmente durante o primeiro ano. Outros nem tanto, podendo até não apresentar nenhum sinal de reinervação”, explica Emmanuel Gomes Ciolac, professor da Faculdade de Ciências da Unesp, em Bauru, e coordenador do estudo.

A frequência cardíaca de repouso pós-transplante é elevada quando comparada com a de indivíduos saudáveis do mesmo sexo e idade. Esse prejuízo da inervação cardíaca, em conjunto com o uso de medicamentos imunossupressores, está associado a um maior risco de desenvolver hipertensão arterial.

O Estudo

Um grupo de pacientes que havia recebido um novo coração há mais de um ano – período em que acontece a maior parte da reinervação do órgão transplantado – foi submetido a uma rotina de exercícios e avaliado segundo a capacidade cardiorrespiratória e a pressão arterial. Mesmo pacientes que não tinham evidências de reinervação obtiveram melhora nos dois quesitos. Porém, os benefícios foram maiores nos pacientes com sinais de reinervação.


Estes critérios foram baseados em estudos que analisaram a resposta cardiovascular ao CPX (acrônimo em inglês para teste de esforço cardiopulmonar) em pacientes com e sem reinervação. Para fazer parte do estudo, os voluntários tinham de ser considerados sedentários ou insuficientemente ativos, não tendo realizado atividade física ou exercício de forma regular nos seis meses anteriores. Além disso, não podiam ter nenhum tipo de doença que influenciasse os resultados.


Depois da divisão em dois grupos, os pacientes voluntários foram submetidos a uma rotina de treinamento por 12 semanas. Antes e ao fim dessas semanas do estudo, os pacientes tiveram a pressão arterial medida por 24 horas seguidas com um aparelho de monitoração ambulatorial. Os dois grupos obtiveram melhora após o programa de exercícios, porém, os pacientes com evidência de reinervação obtiveram redução na pressão sistólica e diastólica, enquanto os pacientes sem evidência de reinervação reduziram apenas a pressão diastólica, que foi em menor magnitude e por um número menor de horas.

Os testes cardiorrespiratórios mostraram que os voluntários com evidência de reinervação aumentaram o consumo máximo de oxigênio em 10,8% e a tolerância ao exercício em 13,4%, enquanto os sem reinervação aumentaram apenas esse último item, em 9,9%. A chamada velocidade de onda de pulso não mudou em nenhum dos grupos.

“Este é um teste que mede a rigidez arterial por meio de sensores colocados sobre a artéria carótida e femoral, calculando a velocidade que o pulso arterial demora para percorrer esse trajeto. Quanto mais veloz, mais rígida a artéria e pior o prognóstico.

Quanto mais lento, mais elástica a artéria e melhor o prognóstico”, conta Ciolac.

O exercício físico é fundamental para a recuperação e qualidade de vida dos transplantados cardíacos. O estudo mostrou que mesmo os pacientes sem evidência de reinervação aumentam a sua tolerância ao esforço, melhorando sua capacidade para realizar as atividades comuns do dia a dia.

Acompanhe o artigo completo.


Fonte: FAPESP