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Usando as informações que compilou do Centro de Dispositivos e Saúde Radiológica e do Centro de Avaliação e Pesquisa de Medicamentos (do inglês, CDER), o FDA (Food and Drug Administration) publicou recentemente um recurso de interações gene-medicamento, que a agência considera ter evidências científicas suficientes para ajudar a orientar decisões de tratamento.
Compreender o genoma de um paciente está se tornando uma ferramenta cada vez mais importante na determinação de terapias mais assertivas para o tratamento de doenças. Essas informações costumam ser usadas em medicamentos desenvolvidos para atingir determinadas mutações, no entanto, o FDA compilou recentemente uma lista de medicamentos «regulares» conhecidos por interagir negativamente ou de modo diferente em pacientes com determinados perfis genéticos. Essa informação pode ser inestimável para determinar por que certos medicamentos podem funcionar bem no tratamento de alguns pacientes, mas podem ser ineficazes ou até causar uma reação adversa em outros.
Existem três categorias de tratamento que os médicos devem estar cientes para entender as interações gene-medicamento: interações farmacogenéticas onde dados apoiam o tratamento terapêutico; interações farmacogenéticas onde dados indicam um potencial impacto na segurança ou na resposta; e interações farmacogenéticas onde dados demonstram um potencial impacto nas propriedades farmacocinéticas. Essas três interações, tanto paciente quanto o profissional de saúde devem estar cientes.
Assim, quando um profissional de saúde considerar prescrever algum medicamento, o conhecimento do genético do paciente poderá ser usado para determinar uma estratégia terapêutica, a prescrever a dose apropriada ou avaliar a probabilidade de benefício ou toxicidade do remédio.
O FDA publicou as tabelas de interação gene-medicamento para esse fim, no entanto, não incentiva necessariamente o uso de testes genéticos antes da prescrição do medicamento correspondente, a menos que o teste seja um diagnóstico complementar.
O FDA acredita que possui evidências científicas suficientes para sugerir que certas variantes genéticas provavelmente alteraram o metabolismo de muitos medicamentos e, em certos casos, resultam em diferentes resultados terapêuticos, incluindo diferença no risco dos efeitos colaterais. Eles resumiram esses resultados em três tabelas.
Em alguns casos, uma variante genética específica encontrada afetava o metabolismo de diferentes drogas. Os fenótipos nos estudos foram inferidos com base no genótipo dos indivíduos. Para os casos em que a associação foi limitada a variantes genéticas específicas e não se aplicava a todos os indivíduos com determinado fenótipo, as variantes específicas são listadas. Para os casos das variantes genéticas individuais que não estão listadas na tabela, o FDA acredita que há evidências científicas suficientes para apoiar a associação descrita para o fenótipo, desde que sejam determinadas as variantes genéticas específicas, de modo a confirmar o fenótipo anteriormente inferido, com base em evidências científicas.
Por exemplo, ao considerar indivíduos que possuem o genótipo para uma metabolização pobre e intermediária do CYP2C19, eles têm concentrações sistêmicas ativas mais altas, maior risco de efeitos colaterais e ajustes de dose são recomendados ao tomar clobazam. Evidências científicas suficientes apoiam essa afirmação, com relação ao alelo*2:
A funcionalidade da variante *2 é conhecida, isto é, a variante *2 resulta em perda da função da enzima CYP2C19, e
*1 / *2 confere um fenótipo metabolizador intermediário e *2 / *2 confere um fenótipo metabolizador ruim.
Informações específicas relacionadas ao manejo terapêutico são fornecidas para algumas associações farmacogenéticas, mas a maioria das associações listadas não foram avaliadas em termos do impacto que os testes genéticos terão sobre os resultados clínicos, como melhora da eficácia terapêutica ou aumento do risco de efeitos colaterais específicos. Além disso, estudos clínicos, se disponíveis, podem ter apenas ligado a variação genética à farmacocinética de um medicamento (ou seja, a maneira como o medicamento é metabolizado) e diferenças na eficácia ou segurança do medicamento entre diferentes subgrupos de genótipos podem não ser conhecidas.
A FDA afirmou que reconhece que os profissionais levarão em conta diferentes fontes e evidências e tomarão decisões de prescrição com base em seu julgamento sobre quais tratamentos são apropriados para pacientes individuais. Em particular, a composição genética de cada paciente é apenas um dos muitos fatores que podem afetar as concentrações e a resposta dos medicamentos, ressaltando o fato de que as informações fornecidas nesta nova publicação são limitadas apenas a certas associações farmacogenéticas e não fornecem informações abrangentes necessárias para o uso seguro e eficaz de uma droga.
Os profissionais de saúde devem consultar a rotulagem aprovada pela FDA para obter informações sobre a prescrição, incluindo instruções de monitoramento e informações sobre outros fatores que podem afetar as concentrações, benefícios e riscos dos medicamentos. O impacto de variantes genéticas específicas ou fenótipos inferidos de variantes genéticas na segurança ou resposta do medicamento correspondente não foi estabelecido, mas esta nova publicação pode ajudar a orientar o tratamento médico, caso haja alguma preocupação com relação à maneira como um paciente responderá a um medicamento específico.
As informações fornecidas nessas tabelas destinam-se principalmente aos prescritores, e os pacientes não devem ajustar seus medicamentos sem consultar seu médico. Essas informações também pretendem lançar luz sobre o impacto que diferentes variações genéticas podem ter sobre medicamentos já existentes no mercado, para que uma reação anormal à resposta esperada possa ser avaliada cientificamente.