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Transforme-se: a importância da doação de órgãos para salvar vidas

A doação de órgãos é um tema que toca o coração e a vida de muitas pessoas. A cada ano, milhares de pacientes aguardam na fila de transplantes, e a cada doação, uma nova chance de vida se abre. Mas, apesar de sua importância, muitos ainda desconhecem os benefícios e a relevância desse ato.

No Brasil, ações para reforçar a importância da doação de órgãos, tecidos e medula óssea marcam o mês de setembro. Neste contexto, a Campanha Transforme-se tem o objetivo de contribuir com o aumento no número de doadores.

Apesar de ocupar a segunda posição mundial em número de transplantes, o Brasil tem mais de 44 mil pessoas aguardando por um procedimento, de acordo com o Ministério da Saúde. O órgão mais demandado é o rim, com mais de 41 mil pessoas na fila. Em seguida, estão o fígado, o coração, o pâncreas e os pulmões. Além desse número, cerca de 30 mil pessoas também aguardam por uma córnea.

Impacto da doação de órgãos na vida dos pacientes

A doação de órgãos pode transformar muitas vidas. Para muitos, um transplante pode ser a única saída para doenças graves, como insuficiência renal ou doenças cardíacas. Pacientes que recebem novos órgãos, frequentemente, relatam não apenas uma melhora significativa na saúde, mas também um novo começo. A recuperação pode devolver a capacidade de viver plenamente, permitindo que essas pessoas realizem sonhos.

No próximo dia 27 de setembro, celebra-se o Dia Nacional do Doador de Órgãos, uma data dedicada a conscientizar a sociedade sobre a importância da doação e a incentivar que famílias e amigos discutam o tema.

Campanha Transforme-se

Este ano, a Campanha Transforme-se traz mais videodocumentários com o depoimento de pacientes que aguardam a doação. Uma delas, é a Jucimara dos Santos, moradora de Cerro Azul, no Paraná. Diagnosticada com rins policísticos apenas três meses após seu casamento, ela perdeu ambos os órgãos entre 2020 e 2021. Hoje, aos 25 anos, enfrenta a exaustiva rotina da hemodiálise.

A espera por um transplante é uma luta diária que impõe desafios físicos e psicológicos. Por não ter os rins, Jucimara relata que, além dos cuidados físicos, precisa controlar rigorosamente a ingestão de certos alimentos, como os ricos em potássio, e a quantidade de líquidos, já que, sem os órgãos, não há produção de urina. A máquina de hemodiálise filtra tudo o que ela consome, seja comida ou bebida, e limpando o sangue. “Minha rotina é do hospital para casa e vice-versa. Às vezes, saio fraca da máquina, mas com o tempo a gente se acostuma”, comenta.

Ela realiza exames mensais para monitorar a saúde e ajustar o tratamento conforme necessário, além de ter se adaptado à realidade enfrentada. “Às vezes, tenho anemia, até pelo procedimento de hemodiálise toda semana. Uma alternativa para matar a sede, no lugar da água, é chupar uma pedra de gelo”, relata.

Apesar dos desafios, Jucimara tenta manter o otimismo. Nos últimos cinco anos de hemodiálise, principalmente no Hospital Angelina Caron (PR), ela recebeu três convites para o transplante, mas ainda não encontrou um doador compatível. “Já me senti mal e desanimada, mas preciso continuar”, afirma.

Assista à história completa da Jucimara

Como se tornar um doador de órgãos?

A doação de órgãos é um ato de amor e esperança para quem recebe. Entre os órgãos que você pode doar estão o coração, rim, pâncreas, fígado, pulmões e tecidos, como córnea, pele, ossos, válvulas cardíacas, cartilagem, medula óssea e sangue de cordão umbilical. Você pode doar alguns deles ainda em vida, como um dos rins, metade do pulmão, parte do fígado e a medula. Os demais, só podem ser doados após a morte encefálica, geralmente causada por traumatismo craniano ou AVC (derrame cerebral).

Todas as pessoas são potenciais doadoras, independentemente da idade ou histórico médico. A possibilidade de transplante e quais órgãos e tecidos podem ser doados dependem de uma avaliação do corpo, realizada por meio de exames clínicos, de imagem e laboratoriais no momento da morte.

Para ser um “doador vivo”, é importante a pessoa apresentar boas condições de saúde, passar por avaliações médicas e exames de compatibilidade, ser capaz juridicamente e concordar com a doação. Legalmente, pais, irmãos, filhos, avós, tios e primos podem ser doadores. No caso de doação para uma pessoa que não seja parente, é preciso obter autorização judicial.

Já para doação de medula óssea, basta procurar o Hemocentro mais próximo, realizar um cadastro no Redome e coletar uma amostra de sangue (10 mL) para exame de tipagem HLA. Quando surgir um receptor compatível, o doador vai ser convidado para realizar a doação, que acontece em centro cirúrgico. Há algumas regras para ser doador de medula: ter entre 18 a 35 anos, não ter doenças transmissíveis e estar em bom estado de saúde.

Quem não pode doar órgãos?

Não podem ser doadores de órgãos somente pessoas com diagnóstico de tumores malignos, doenças infecciosas graves agudas ou doenças infectocontagiosas – destacando-se o HIV, as hepatites B e C e a doença de Chagas. Também não podem ser doadores os diagnosticados com insuficiência de múltiplos órgãos, situação que acomete coração, pulmões, fígado, rins, impossibilitando a doação desses órgãos.

Diga SIM à vida

Para João Eduardo Leal Nicoluzzi, cirurgião geral e de transplante do Hospital Angelina Caron: “a doação de órgãos no Brasil é ainda muito heterogênea, reflexo da falta de campanhas permanentes em muitos estados. O mito de que o doador ainda está vivo também persiste, mas a doação só ocorre após a morte cerebral comprovada“. Além disso, o médico ressalta a importância de as pessoas buscarem esclarecimentos nas centrais de transplante, que são estruturas públicas acessíveis para responder a dúvidas.

Segundo Nicoluzzi, o registro em cartório é uma prática louvável e que garante maior clareza quanto ao desejo de ser doador, facilitando o processo de autorização familiar, essencial no Brasil. Desde o início deste ano, qualquer pessoa pode realizar uma Autorização Eletrônica de Doação de Órgãos (AEDO) nos mais de 8 mil cartórios do país. Você deve preencher o documento eletrônico para demonstrar seu interesse em ser doador. É possível, inclusive, escolher quais órgãos quer doar.

Você pode preencher o documento no site https://www.aedo.org.br/ ou por meio do aplicativo e-notariado, disponível para download em lojas de aplicativos.