Produtos Blog
doação de órgãos

Doação de órgãos: nova política nacional amplia transplantes e incentiva a conscientização

O Ministério da Saúde anunciou, em setembro de 2025, uma medida histórica para o fortalecimento do Sistema Nacional de Transplantes (SNT): a criação da Política Nacional de Doação e Transplantes (PNDT).

A iniciativa visa reduzir a recusa familiar na doação de órgãos, que atualmente atinge 45% das famílias, além de ampliar o número de transplantes realizados no país e garantir maior equidade no acesso aos procedimentos pelo SUS.

A portaria que institui a PNDT foi assinada durante o evento de lançamento da campanha nacional de doação de órgãos, realizado no Hospital do Rim, em São Paulo, e marca a primeira vez que a política é formalizada desde a criação do sistema, em 1997.

O que muda com a nova Política Nacional de Doação de Órgãos e Transplantes

A nova política consolida os princípios e diretrizes do SNT em um documento único, reforçando pilares como ética, transparência, anonimato e gratuidade no acesso.

Entre as principais mudanças, destaca-se a redistribuição macrorregional de órgãos, que otimiza o processo logístico e assegura que os órgãos cheguem mais rapidamente aos hospitais receptores. Essa reorganização busca reduzir desigualdades regionais e ampliar as oportunidades de transplante em estados que hoje realizam menos procedimentos.

Segundo o Ministério da Saúde, essa modernização se soma a outras ações complementares, como o programa Agora Tem Especialistas, que leva investimentos, suporte técnico e telemedicina a hospitais com potencial para se tornarem centros transplantadores.

Inclusão de novos transplantes no SUS: avanço histórico para a medicina e para os pacientes

Um dos maiores destaques da PNDT é a regulamentação dos transplantes de intestino delgado e multivisceral, agora oficialmente incluídos no SUS.

Esses procedimentos são indicados para pacientes com falência intestinal, condição grave em que o intestino perde sua capacidade de absorver nutrientes essenciais. Com a inclusão no sistema público, esses pacientes passam a ter acesso integral ao tratamento — desde a reabilitação intestinal até o transplante e o acompanhamento pós-operatório — ampliando as chances de sobrevida e reabilitação plena.

Inicialmente, cinco centros especializados, localizados em São Paulo e no Rio de Janeiro, estão habilitados a realizar os novos transplantes, com previsão de expansão gradual para outras regiões do país.

O novo Regulamento Técnico do SNT também prevê reajuste da diária de reabilitação intestinal, que passou de R$ 120 para R$ 600 — um aumento de 400%. Essa medida reconhece a complexidade do cuidado e busca garantir sustentabilidade financeira aos serviços habilitados.

Outra inovação relevante é a incorporação do uso rotineiro da membrana amniótica, tecido obtido da placenta após o parto, especialmente indicada para o tratamento de queimaduras — em especial, em crianças.
O uso da membrana favorece a cicatrização, reduz o risco de infecções e diminui a dor, beneficiando cerca de 3,3 mil pacientes por ano. Essa inclusão representa um avanço expressivo na medicina regenerativa aplicada à rede pública, ampliando o acesso a terapias modernas e mais humanizadas.

Por que essa atualização é importante

A criação da PNDT e a ampliação dos transplantes no SUS representam um marco para a saúde pública brasileira. A política reforça a capacidade do país em salvar vidas, fortalece a rede de profissionais e instituições envolvidas e aumenta a confiança social no sistema de doação de órgãos.

Além de aprimorar a infraestrutura hospitalar, as novas medidas trazem maior eficiência na gestão dos transplantes, promovendo equidade entre as regiões e reduzindo o tempo de espera dos pacientes na fila.

O Brasil já é referência mundial em transplantes realizados pelo sistema público, e a atualização da política consolida ainda mais esse protagonismo. Ao unir gestão eficiente, modernização tecnológica e valorização profissional, o país reafirma seu compromisso com o acesso universal e de qualidade à saúde.

O papel da conscientização: doar é multiplicar vidas

Mesmo com os avanços técnicos e estruturais, a recusa familiar ainda é o principal obstáculo para o aumento do número de transplantes. Por isso, conversar com a família sobre o desejo de ser doador é essencial.

A doação é um gesto de solidariedade que pode beneficiar até oito pessoas, transformando não apenas vidas individuais, mas também histórias e famílias inteiras.

Veja também

Dr. Jorge Nuemann conta em detalhes toda a história do transplante no Brasil.